No início de 2021, a The9 Limited—empresa listada nos Estados Unidos e tradicionalmente dedicada ao setor de jogos—passou a expandir sua atuação para o ecossistema Web3. A companhia agregou operações de mineração de criptomoedas, envolvendo Bitcoin, FIL (Filecoin) e XCH (Chia), e lançou posteriormente a plataforma de NFTs NFTSTAR, aprofundando sua aposta em games Web3. Atualmente, a The9 detém mais de 500 Bitcoin e opera equipamentos de mineração em diversos países.
Reconhecida como distribuidora pioneira de “MU Online” e “World of Warcraft”, a The9 desperta nostalgia em quem nasceu nas décadas de 1980 e 1990. Após migrar para o Web3, a empresa manteve suas atividades de publicação e desenvolvimento de jogos, mas surpreendeu ao priorizar a mineração em vez de lançar um game em blockchain.
Após permanecer dois a três anos fora do noticiário da indústria Web3, a The9 anunciou oficialmente em agosto o lançamento de sua plataforma de jogos Web3, The9bit—um projeto que reúne décadas de ativos do universo gamer e estrutura avançada de tokenomics.
A Steam, maior plataforma global de distribuição de jogos, limita o fluxo de valor ao sentido usuário-publisher. A proposta da The9bit é criar uma economia em que jogadores, criadores e publishers compartilhem os resultados. Segundo dados oficiais, a The9bit já superou 4 milhões de usuários registrados, 300 mil ativos diários, mais de 100 mil pedidos e receita superior a US$1,5 milhão.
Documentação da The9bit aponta que jogadores acumulam pontos—resgatáveis por tokens 9BIT ou itens in-game—ao comprar jogos AAA de grandes IPs, realizar recargas em jogos mobile, cumprir tarefas em jogos casuais, assistir anúncios, competir em torneios de esports e adquirir colecionáveis raros. A The9 possui autorização de distribuição da Capcom, permitindo comercializar jogos das franquias Devil May Cry, Resident Evil e Monster Hunter. A The9bit pretende ampliar ainda mais as licenças, possibilitando a compra de todos os títulos listados na Steam pela própria plataforma.
Para recargas em títulos mobile como “Genshin Impact”, “PUBG” e “Honor of Kings”, a The9bit esclarece que o usuário pode recarregar diretamente via DTU—sem necessidade de saldo pré-pago. A recarga via DTU depende de parceria direta com as publishers, bastando ao usuário ter conta na plataforma e criptomoedas para recarregar e acumular pontos.
A The9bit também lançou o Spaces, ferramenta social semelhante ao Discord para fortalecer guildas e comunidades gamer. Os jogadores podem acessar Spaces para compartilhar ou explorar conteúdos—clipes de jogos, blogs, guias—com suporte de ferramentas AIGC. A comunidade também promove torneios de esports com premiações.
Os usuários acumulam pontos por atividades na plataforma, e a The9bit ainda distribui recompensas diárias em tokens para Spaces, baseando-se em performance segundo fórmula ponderada: 20% novos usuários, 20% DAU (usuários ativos diários), 60% compras na loja. Metade dos tokens diários é liberada imediatamente e metade após 12 meses. A parceria com a Yield Guild Games, guilda de referência em Web3, impulsionou o crescimento acelerado da base e da comunidade, graças inclusive ao apoio da YGG.
A plataforma não surgiu do dia para a noite. Após um ano no Web3, a The9 testou projetos GameFi e NFT em 2022 e 2023, mas percebeu que as barreiras de entrada permaneciam altas para jogadores. Em junho de 2024, contratou o ex-executivo da 91 Assistant, Marrtin Hoon, e estruturou sua divisão Web3. Marrtin Hoon já apoiou operadores tradicionais no lançamento de plataformas de distribuição e títulos no Sudeste Asiático, Ásia Central e Oriente Médio, além de fundar a MetaOne, plataforma Web3 de distribuição de games. A The9bit é resultado de um ano de preparação da divisão Web3, reunindo expertise profunda em blockchain e games.
O 9BIT será lançado na Solana, com fornecimento total de 10 bilhões de tokens: 35% destinados a incentivos do ecossistema, 15% para liquidez de mercado, 38% para o tesouro do projeto, 7% para equipe e conselheiros e 5% para investidores estratégicos. O lançamento oficial do 9BIT está previsto para o fim do ano, com data a definir.
Dos 35% reservados ao ecossistema, 13% vão para incentivos a jogadores, comunidades e guildas—tokens resgatáveis por pontos conquistados em jogos, postagens e recargas; 8% para recompensas diárias em Spaces; 2% para programas KOL/KOC, incentivando criadores a atrair usuários; e 12% para o fundo do ecossistema, apoiando investimentos em IP, parcerias estratégicas e incubação de projetos alinhados à visão do ecossistema.
Dos 38% do tesouro do projeto, metade pertence à The9 e será usada para parcerias futuras, expansão de IP, operações de crescimento da plataforma e aquisições estratégicas.
Além das funções típicas de um token—moeda da plataforma, incentivo, governança e acesso a conteúdos exclusivos—o 9BIT oferece um diferencial: permite que detentores adquiram ações da The9 listadas na Nasdaq em um período anual determinado. A The9bit planeja um plano de recompra de tokens, destinando parte do lucro líquido anual para esse fim. As receitas são provenientes da distribuição de jogos, compras in-game e anúncios em jogos casuais. O roadmap prevê a listagem do 9BIT em pelo menos uma exchange até o final do ano.
Entre as metas para o primeiro trimestre do próximo ano estão: negociação peer-to-peer de ativos, portais de staking, novas ferramentas AIGC e eventos de esports. Os usuários já podem pagar com cripto, e canais fiat-cripto e fiat devem estar disponíveis até meados de outubro. Com novas funções e o lançamento do 9BIT, espera-se um aumento dos casos de uso cripto na plataforma.
A The9 tem convicção no potencial do token. Informações públicas revelam que a empresa não só desenvolve e opera a plataforma como caminha para se tornar uma gestora de reservas de ativos digitais. Com a emissão do 9BIT e o crescimento das receitas, a The9 acumulará 9BIT via recompra e o integrará ao próprio tesouro. A estratégia reforça a presença da The9 no ecossistema Web3 e amplia sua capacidade de gestão de ativos digitais no longo prazo. Com a valorização de mercado do 9BIT, os demonstrativos da The9 serão favorecidos pela valorização da fatia de 19% detida no token. A empresa pode ser a primeira a basear seu valor de mercado em seu próprio token, promovendo uma relação simbiótica entre o preço das ações e do token.
Quem acompanha o cenário de jogos Web3 já ouviu mais de uma vez o discurso do “Steam do Web3”. Mas, como demonstrado, a experiência da The9 em games é inquestionável. Independentemente da integração Web3 atingir o sucesso esperado, a capacidade da The9bit de agregar títulos é real—um diferencial que falta aos demais “Steam Web3”.
Tendências de mercado e avanços tecnológicos impulsionam o setor para UGC e IA, e o Web3 tende a revolucionar distribuição, publicação e vendas. A The9 acredita que a The9bit será pioneira em um novo modelo de ecossistema gamer—integrando jogos, jogadores e comunidades, redistribuindo receitas via Web3 e entregando soluções transparentes, inovadoras e confiáveis.
Após ingressar no Web3 em 2021 e mais de quatro anos de desenvolvimento, a The9 reafirma a aposta em sua expertise no setor, investindo décadas de recursos na área de games. Provavelmente a empresa mais experiente do segmento Web3, a The9 tem grandes chances de realizar sua visão.